Nicolly Bueno

Nicolly Bueno
CONTATO: editorabueno@hotmail.com

domingo, 26 de novembro de 2017

Não acredito em felicidade - Nicolly Bueno


Não acredito em felicidade. A tristeza sempre me foi mais real e verdadeira. Felicidade é uma velha utopia que, vez ou outra, tentamos encontrá-la em algum lugar, alguma pessoa, algum objeto. Um sentimento abstrato que move milhões de pessoas em busca daquilo que não possuem. Algo frustrante que projeta para um futuro existente apenas na imaginação e nos desejos íntimos de cada ser. Crescimento pessoal e espiritual se adquire com a dor, com o sofrimento e com a solidão. Quem aprende a ser só vive menos tempo em busca de ser feliz. Já acreditei em alma, em espíritos, em um mundo melhor. Hoje creio apenas no tempo, na ação e no pensamento. O corpo se dilacera a cada momento, a vida se esvai a cada instante e a morte se aproxima a cada dia. Sempre tive medo e pavor de despedidas, mas hoje aprendi que cada dia é um pouco de adeus que damos às pessoas que cruzam o nosso caminho. E, num dia qualquer, o coração deixará de pulsar, os olhos fecharão para sempre e seremos apenas uma singela lembrança na memória de alguém. 

Nicolly Bueno em 26/11/2017

terça-feira, 24 de outubro de 2017

POESIA

Renascimento


"Minhas cores se fizeram cinza

De minhas cinzas vi surgir a fênix
Da fênix peguei as asas
Com as asas atingi grandes alturas.
E do firmamento percebi que havia
Uma grandeza inexplorável dentro de mim.
Então renasci...
Coberta de nuances e matizes.
Decorei a alma,
Ornamentei minha trilha.
Descortinei o infinito
E encontrei em mim
A essência da vida
Que por tanto tempo
Julguei existir apenas
Dentro de ti".

REGINA XAVIER

terça-feira, 11 de julho de 2017

"Diário de Bordo" será lançado na próxima sexta-feira em Presidente Venceslau


Para a felicidade de todos os leitores, José Arthur D´Incao vai lançar seu livro de estreia na próxima sexta-feira em Presidente Venceslau. "Diário de Bordo" é uma publicação da Editora Letras à Margem. Desde já convidamos todas as pessoas que apreciam uma boa leitura a prestigiarem a noite de autógrafos que será realizada na Livraria e Papelaria Visão, a partir das 19 horas.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

CONTO: Para quem as flores se abrem (Ao amor de Anita Neves e Ildefonso)



Quando eu era mocinha, já faz algum tempo, vivia procurando entender o amor. Buscava respostas no horizonte, nas pessoas, em seus gestos sarcásticos, nas coisas, em tudo aquilo que fazia parte do meu mundo, por vezes, até egoísta. Mas nada era suficiente. O vazio permanecia inquietante corroen­do-me por dentro ao encontro de gestos vãos, atitu­des insanas e palavras ocas, frias e trêmulas.
      Na busca incessante de ser amada, deparei-me com o amor. O mesmo amor que até hoje me faz sor­rir e chorar freneticamente num contraste melodioso e apaixonante. O mesmo amor que fez espargir de minh’alma, um grito doloroso em meio ao silêncio tímido da minha paixão.
            Os anos vieram de mansinho tais como o outono depois de um verão escaldante. Mas minha vida oscila e se mantém firme, traduzindo-se em uma primavera constante rumo à eternidade. Uma esperança fugaz continua a me acicatar contra as feridas incuráveis de um amor verdadeiro, que me faz perder os sentidos e esquecer quem eu sou.
            A longa espera não me intimida. Lá fora, a lua cheia amarelada brilha fuzilante no céu negro e misterioso. Aqui dentro, fiapos do que resta de mim após a tem­pestade que desmoronou a vastidão de flores que para ti dediquei. Um silêncio melancólico paira no meu quarto roubando-me o sono. Viro de um lado para o outro. Estendo as mãos e sinto a cama vazia, fria, solitária. Não resisto, acendo o abajur, levanto-me a passos lentos e vou para frente do espelho. Observo a moldura dourada já envelhecida pelo tempo.
            Sinto os anos pesarem também nas minhas costas. Fico em pé, ajeito os ombros, pois mantenho a mes­ma postura e elegância adquiridas na juventude. Pas­so um leve batom rosa nos lábios, penteio os cabelos, prendendo-os de maneira sutil e dou um simpático sorriso ao espelho, quando então, vejo meu marido refletido atrás de mim.
            Dirijo-me ao corredor da sala de estar onde tenho meu piano. Começo a tocá-lo em plena madrugada. A cada toque uma pontada atinge-me o peito dilace­rando-o por completo. Os toques se repetem, alguns mais agudos, outros mais graves, às vezes, mais suaves conforme a canção vai ganhando vida. Mesmo estan­do concentrada percebo meu amado fitando-me com olhar de admiração. Fico feliz e insinuo um sorriso entre as faces levemente pintadas de rosa.
            Ai amor! Como me fazes sofrer! Sinto-me fraca como se não houvesse esperança neste mundo incré­dulo de ti. Uma dor pungente rasga-me por dentro como se a plenitude do seu legado fosse amarga como fel. Ai de mim amor, que não o tenho ao meu lado agora.
            A noite silenciosa faz-me gritar de saudade do teu carinho, dos teus olhos a me olhar flamejante feito estrela cadente. Ainda sinto o gosto adocicado dos seus lábios quando sorviam os meus sedentos.
            O tempo parou para mim... Nada tem sentido, tudo é vago sem ti. Um buraco negro sem fim a espe­ra de uma luz a iluminar os meus dias. A razão cru­cifica-me por não crer na veracidade do que eu sinto diante de ti, desde o nosso primeiro encontro.
            O dia surge especial embalando, ao longe, os prados verdes com seu encanto para abrigar as flo­res que não resistiram à noite e sobre o chão caíram amarguradas. Pressinto amor, que não tardará o nos­so próximo encontro. O encontro merecido que nos conduzirá para sempre nesta magia alucinante do que sentimos um pelo outro.
            Abro a janela do quarto para permitir que a luz branda do sol possa me aquecer. Inesperadamente, vários beija-flores vêm me dar bom dia bailando em sincronia diante dos meus olhos lacrimejantes. Com a alma renovada, saio para caminhar nas proximida­des de casa, já que a idade não me permite ir aonde meus passos gostariam.
            No caminho, encontro a antiga estação de ferro que fora palco de encontros romanescos de outrora. O local se tornara triste, sem vida, esquecido pelo tempo e por todos. Mas em minhas memórias, ele sobrevive incólume como os instantes felizes que ali vivi. Espero o trem que há muito não vem. Restaram-me, pois, as constantes chegadas e partidas da minha vida. Uma lágrima escorre por entre os sulcos que traduzem os sinais do tempo. Respiro fundo e volto para casa.
            Decido que será hoje o dia do meu encontro. Cansei de esperar sem retorno. Cansei de sofrer, de imaginá-lo ao meu lado como antes. Cansei de mim mesma nesta solidão infindável que assola os meus dias. Nem tudo é perfeito. As flores, meu bem, tam­bém se cansam de ser belas e se desfazem perante o vento.
            Apesar de todo sofrimento, sei que o amor é o sen­timento mais puro e contraditório que existe, ainda que a incompreensão nos torne céticos, mas a dor de amar e a sublimação se nos tornam exemplos contun­dentes e precisos.
            Espera-me amor, sei que também gostas de mim. Anseio encontrar-te como antes, senti-lo forte ao meu lado doente de amor como eu e juntos nos curarmos da nossa própria loucura. Nada mais a partir de hoje será pecado.
            Recordo-me daqueles dias de inverno em que dor­míamos abraçados trocando calor. Ainda sinto nossos corações pulsando em compassos iguais como se fôs­semos duas almas em um só ser, dois seres em um só coração. Se o destino assim não quisesse festejaríamos hoje nossas bodas de ouro. Não me importo tanto, porquanto o amor me faz celebrar a vida e reconhecer que valeu a pena.
            Vamos comemorar nossa união. Espera-me como sempre esperou. Chegarei na hora que Deus permitir e de ti jamais largarei. Levarei comigo um ramalhe­te de rosas vermelhas perfumadas. Neste momento, sinto o amor como um estado de êxtase pessoal, pelo qual meu espírito se eleva alcançando o ápice da mag­nitude humana alimentando minha alma sem esperar toda e qualquer recompensa.
            Não vejo a hora de poder dizer, olhando no cerne dos teus olhos: eu te amo – pois sei que mais do que estas simples palavras representam, é o verdadeiro sentido que as envolve me fazendo acreditar na pleni­tude da vida eterna.
            Os minutos passam sem piedade. A tardezinha está me abandonando. O céu está todo mesclado de cores alegres. Saio de casa cheia de vaidade para encontrar o meu amado. Os botões de rosa eu levo-os em minhas mãos. Sei que logo as flores se abrirão para dar adeus ao marasmo que, até então, me perseguia.
            Chego ao local sem atrasos. Meu amado lá me espera sorrindo. Não consigo dizer nada. Permane­ço estática olhando-o como há anos não fazia. Sento em um banco de concreto pintado de azul-celeste, apoiando-me em um pilar todo adornado de mármo­re. Adormeço como um anjo segurando as flores nas mãos. Ao longe, o pôr-do-sol encerra, para sempre, o nosso eterno encontro.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Bom dia!


Alma Poética, de Nicolly Bueno


Foi numa manhã de inverno, silencioso e angustiante
Que entre ânsia e desesperança, perguntei a Drummond:
- Que pode uma alma senão entre almas viver e amar?
“Amar a nossa falta mesma de amor?”...

Não tive resposta porque a dor da saudade era tanta
Que meu corpo doente resignou-se com o que disse Camões...
“Amor é fogo que arde sem se ver (...)
É dor que desatina sem doer” (...)

Inquieta, minh´alma persistente queria sentir
O amor puro que só Deus pode entender...
Não há pecado quando duas almas se amam
E por esse amor nasce a razão de existir.

Melancólica, mas amando, lembrei-me do poetinha Vinícius
Ao dizer que a solidão é o triste fim de quem ama
E por você, amor, meu delírio é sonho tão constante
Que te amarei dentro da eternidade e a todo instante.

Salve Florbela por me fazer amar perdidamente
Mesmo que a indiferença seja minha recompensa
Hei de ser forte o bastante para suavemente
Viver a vida com a alma de poeta que tudo sente.

Nicolly Bueno (Poesia premiada pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores, Rio de Janeiro, 2016)

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Eu sei mas não devia - Marina Colasanti

Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz.
E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.


(Do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.)

sábado, 6 de maio de 2017

Marina Colasanti


Coral da AVCC prepara homenagem para o Dia das Mães


O Coral da Associação Venceslauense de Combate ao Câncer (AVCC) de Presidente Venceslau preparou homenagens para o Dia das Mães, celebrado no próximo domingo, dia 14 de maio. Segundo a professora de música Ana Cristina Freitas, ass apresentações acontecerão no dia 12 (sexta-feira) na Praça Nicolino Rondó, às 18h30.
"Preparamos um repertório muito especial para as mães e convidamos toda a comunidade para prestigiar o nosso coral. Depois nosso coral se apresentará nas lojas que colaboram com a Associação", contou Ana Cristina.
Segundo ela, as apresentações do coral também serão realizadas durante o dia em agências bancárias, Prefeitura Municipal e Centro de Saúde.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

“A dor é inevitável. O sofrimento é opcional”.

Carlos Drummond de Andrade[1]


Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.
Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade. Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar. Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca,  e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional. 




[1] O autor deste texto é poeta, cronista, contista, brasileiro nascido na pequena cidade de Itabira do Mato Dentro (MG), em 31 de outubro de 1902. No dia 5 de agosto de 1987, depois de dois meses de internação, morreu sua filha Maria Julieta, vítima de câncer. O estado de saúde do poeta piorou, e Drummond morreu menos de duas semanas depois, em 17 de agosto, de problemas cardíacos.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

II Antologia Poética do Prêmio Vinícius de Moraes, edição 2015


APRESENTAÇÃO
Por Nicolly Bueno*

“E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude”.
(Vinícius de Moraes)

Reverenciar Vinícius de Moraes, nosso “poetinha” brasileiro que fez da própria vida e do seu próprio tempo, princípios norteadores da sua trajetória como exemplo de plenitude humana é, para nós, honra e glória.
Honra em tê-lo como referência de alguém que não teve medo de amar, de sofrer, nem tampouco de se aventurar. Uma aventura que se tornou sinônimo de coragem em expressar sentimentos ambíguos, subversivos e completamente contraditórios. Sentimentos tais que o fizeram eterno poeta dos versos e da alma que ele mesmo desconhecia.
Glória por nos ensinar que a vida nada mais é do que esta excitante ventura em busca da sonhada felicidade a que todos nós almejamos. Felicidade que deixamos de lado quando o medo é maior que a ousadia de se viver o que cultivamos dentro de nós. Vinícius de Moraes era autêntico, polêmico, às vezes, impetuoso com suas virtudes, sua realidade e o seu jeito singular de ser o que sempre foi: um boêmio legítimo avesso à moralidade social.
Esta segunda antologia poética do Concurso de Poesias – Prêmio Vinícius de Moraes só foi possível devido ao apoio incondicional dos meus amigos acadêmicos Aparecido de Melo, Ada Roque, Ari Florentino da Silva e Arlinda Garcia de Oliveira Marques. Escritores que sempre dão vida aos meus sonhos, compartilhando ideias, incentivando-me a prosseguir neste caminho ingríme, porém, imensamente gratificante.
Nossa gratidão se estende, ainda, ao prefeito Jorge Duran Gonçalez e ao secretário de educação Sebastião Erculiani, ambos colaboradores do nosso trabalho.
Aos poetas desta Antologia deixamos o nosso incentivo, o nosso carinho, respeito e principalmente a nossa alegria em proporcionar este reconhecimento e a valorização do talento de cada um. Que seus versos sejam infinitos, tanto quanto o amor que todos cultivam pela nobre arte de compor versos, de expressar sentimentos e desnudar a alma humana.
Neste livro estamos dando vida ao que cada poeta sentiu, pensou, viveu... Uma missão difícil no sentido de não deixar de lado o que é essencial de acordo com a sensibilidade poética de cada participante. Aqui não existem vencedores, pois todos souberam se destacar por suas singularidades, seu modo especial de olhar o mundo, recriá-lo e de nos oferecer de modo tão sublime a poesia como humanização social.
Enquanto integrante da Comissão Organizadora nosso desejo é o de contar com a participação de todos novamente no III Prêmio Vinícius de Moraes, edição 2015.
Que o amor do nosso poetinha Vinícius de Moraes nos sirva de inspiração, encorajamento e pleno deleite da arte de viver a vida como ela sempre deve ser vivida: intensa e infinitamente enquanto dure.

Obrigada a todos!

sábado, 8 de abril de 2017

CONTO: Ballet das Orquídeas, de Nicolly Bueno

Era uma tardezinha primaveril, pincelada leve­mente por cores alegres que nos transmitiam agradável sensação de felicidade e bem estar. A brisa corriqueira beijava minhas faces cobrindo meu olhar de emoção. As orquídeas do jardim da praça – colo­ridas tal como o firmamento – faziam espargir em minh’alma, um sentimento em aquarela composto de maneira sutil e harmoniosa.
            A magnitude do poente era soberana. Aquelas co­res secundárias traduziam o cerne do meu próprio desejo, embora o tempo não permita mais aventuras românticas como na flor da aurora, em que nos reves­tíamos de bálsamo a cada encontro. Não havia uma pessoa sequer diante de mim. Caminhei extasiado observando cada detalhe que a primavera me oferecia naquela tarde, antes da noite chegar imponente e to­mar seu posto misterioso.
            Segurei firme minha bengala e me dirigi mais adiante. Alguns pássaros gorjeavam sinfonicamente ao meu redor, pousando nos frondosos pés de Ipê. Ao chegar à ponte que cruzava a praça debrucei-me e pus-me a reverenciar um casal de cisnes que troca­va carícias a querer conquistar o lago. Senti falta da amada que havia me deixado há mais de dez anos. As feridas daquele amor não me permitiam esquecer aquela com quem passei os anos mais poéticos da mi­nha vida. Além do mais, a idade cobra mais cautela com os assuntos do coração.
            Os cisnes brincavam como se não houvesse mais ninguém no mundo. Era como se o lago, plácido e di­áfano, fosse completamente deles. A bonança daquele cenário acicatava meu ânimo a sentir falta da minha juventude, a reencontrar meus sonhos e reviver, por instantes, as traquinagens daquele menino que vivia ladeado de amigos, porém, que havia encontrado na velhice, a angústia da solidão, de um amor fugidio, adormecido no fundo da alma, insubstituível.
            Os idosos também amam, porventura, até com maior intensidade que os adolescentes, afinal, não somos temperamentais, nem buscamos a felicidade no amor, mas é ele próprio que dá sentido ao nosso mundo, nos tornando felizes. O amor na terceira ida­de tem outra razão, é sua alma e sua palma: envolven­te, profunda, cheia de peculiaridades.
            A tarde, indiferente ao meu sofrimento, continu­ava plena de esperança, firme em seu propósito. Era minha lição de vida perante tamanha criação divina. As sensações momentâneas satisfaziam meu espírito suscitando minha veleidade de renovação. O pôr-do-sol já não me amedrontava como antes, apesar de permanecerem os resquícios de uma paixão intensa, mas interrompida pelas ríspidas manias do destino.
            O silêncio perdurava e a calmaria era, talvez, o meu único consolo. Meus olhos perdiam-se junto ao esplendor do sol que incendiava o horizonte. A praça deserta, no entanto, repleta de vida, me emocionava. Quanta confusão, meu Deus! Se for para sofrer de amor, que eu morra mais depressa. Não mereço fene­cer de sede sem ter sequer um oásis para convalescer minha cômoda existência. O que sou, senão um mero mortal que não olvida um amor tão longínquo?
            Com certa dificuldade, dei mais uns passos adian­te. O fôlego não era suficiente. Parei, soltei a bengala, num gesto de rebeldia, e agarrei com as duas mãos a beirada da ponte. Abaixei a cabeça e vi, no lago, o re­flexo de anos de trabalho e dedicação à profissão que escolhi para exercer.
            Vi que nada foi em vão. A vida era minha com­panheira fiel. Sou um poeta de ideais nobres, muitas vezes, incompreendidos, cujo intento sempre fora traduzir os sentimentos autênticos do ser humano, por meio de composições líricas.
            Ah! Como os anos passam e a saudade fica...
            Suspiro demasiadamente a fragrância romanesca das orquídeas da praça, misturada ao perfume de ou­tras flores, pairando no vento, uma súbita sensação de alegria. Olho minhas mãos e vejo as veias roxea­das pulsando em compasso ao gorjeio majestoso dos rouxinóis em revoada. Gotas róscidas caem dos meus olhos e logo se misturam ao chuvisco primaveral, renascendo na mansidão celeste um arco-íris jamais visto.
            Suspiro mais uma vez. Uma fina dor adentra meu peito. Um terceiro suspiro cadenciado e, de repen­te, sinto uma mão delicada tocar meu ombro. Era uma mão suave, mas firme e decidida, disposta a me apanhar. Tal firmeza eu já conhecia há mais de dez longos anos.
            Parecia inacreditável. Uma voz adocicada pronun­cia meu nome repetidas vezes.
Fiquei mudo! Não é possível, como pode meu Deus? Devo estar alucinando em plena tarde de pri­mavera. Tremores incontroláveis invadiam-me. Não pode ser verdade. Eu que sempre fui tão cético e co­rajoso não posso me entregar. Sinto a outra mão me tocando. As lágrimas se pronunciam antes da minha própria razão.
            Ouço mais uma vez o meu nome. Crio coragem, respiro fundo e olho para trás. Era a minha amada; a mulher com quem eu dividi anos de felicidade, amor e carinho mútuos. Estávamos a sós na ponte da pra­ça. O sol já se pôs. No céu, resta apenas uma mistura de cores frias se despendido daquela paisagem para revestirem-se do breu místico do anoitecer. Sem ne­nhuma palavra dita, começamos a dançar em cima da ponte, uma valsa tocada pelos acordes de violino em dias de festa.
            Nosso cenário acinzentado era perfeito. Não pre­cisava de mais nada neste mundo. Fecho os olhos e danço, danço com as orquídeas, e com os cisnes em redemoinhos.
Quando os abro vejo que ainda estou numa ex­posição de artes, com a bengala no chão, diante de uma obra que me capturou para a sensibilidade mais íntima da artista. 
As lágrimas expressam o âmago da minha vida e o sentido igualmente profundo que procurei conce­der a ela ao longo de infinitos versos que, a partir de hoje, não morrem mais.

POESIA: SAUDADES, DE FLORBELA ESPANCA


Saudades! Sim... Talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão!

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!

sexta-feira, 7 de abril de 2017

ENCERRA HOJE EXPOSIÇÃO SOBRE ARLINDA GARCIA DE OLIVEIRA MARQUES



Hoje é o último dia para quem deseja conhecer um pouco da trajetória literária da escritora Arlinda Garcia de Oliveira Marques, cuja exposição acontece na Biblioteca Municipal "Maria José Ferreira", em Presidente Venceslau.
O evento teve início na última terça feira e foi organizado pela escritora Nicolly Bueno.
"Na exposição destacamos os livros originais de Arlinda datilografados há cerca de 30 anos. Algumas obras foram editadas e lançadas, mas a autora deixou um romance no prelo e mais dois inéditos ainda sem edição prevista".
Além das obras originais, também expusemos fotografias de Arlinda em diversas atividades, eventos e premiações, bem como os seus livros publicados. Os visitantes ainda podem conhecer os troféus da escritora, que faleceu aos 89 anos de idade e pertencia à Academia Piracicabana de Letras e foi uma das fundadoras da Academia Venceslauense de Letras.

quinta-feira, 6 de abril de 2017

HOMENAGEM PARA ARLINDA GARCIA DE OLIVEIRA MARQUES, AMIGA ETERNA


Arlinda, nunca imaginei que um dia fosse perdê-la. Nunca me vi longe do seu carinho, dos seus conselhos e do seu abraço. Tem sido cada vez mais difícil viver sem a tua presença. A dor é imensa, tão forte que me parece ser insuportável. Muito obrigada por ter sido a mulher, amiga, escritora e a pessoa que me inspirava e me incentivava a não desistir.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

V “PRÊMIO “VINÍCIUS DE MORAES” – CONCURSO DE POESIAS 2017

O Prêmio “Vinícius de Moraes” – Concurso de Poesias foi criado em 2013, ano do centenário do poeta, cantor e compositor brasileiro Marcus Vinícius de Moraes, nascido em 19 de outubro de 1913. Por iniciativa da escritora e editora Nicolly Bueno, o projeto foi desenvolvido com o apoio dos escritores Aparecido de Melo, Ari Florentino da Silva, Ada Roque e Arlinda Garcia de Oliveira Marques, todos integrantes da Academia Venceslauense de Letras, os quais formaram a Comissão Organizadora do concurso nos anos de 2013; 2014 e 2015. Em 2016, o concurso foi promovido pelo Centro Cultural “Salvador Lopes” e Secretaria Municipal de Educação e Cultura.
A partir de 2017, o “Prêmio Vinícius de Moraes” será de exclusiva responsabilidade da Editora Nicolly Bueno, a qual poderá fazer parcerias com entidades e/ou associações literárias de Presidente Venceslau – SP ou de outras cidades da região. Desde então, o concurso de poesias será realizado anualmente, de acordo com o presente regulamento.

REGULAMENTO

            O Concurso de Poesias “Prêmio Vinícius de Moraes” é uma iniciativa e realização da Editora e Produtora Cultural Nicolly Bueno (CNPJ: 18.623.723/0001-02) e destina-se a autores brasileiros, residentes em qualquer parte do território nacional. Tem por objetivo descobrir novos talentos e promover a literatura, visando incentivar o gosto pela poesia, não somente através da leitura, mas também pela escrita, além de enaltecer a vida literária de Vinícius de Moraes.
 A critério da produtora cultural, poderá ser formada uma Comissão Organizadora e uma Comissão Julgadora composta de, no mínimo, 3 (três) membros de renomado prestígio intelectual e literário, com a finalidade de avaliar os trabalhos inscritos, e eleger a melhor poesia do concurso, além de solucionar os casos omissos deste regulamento, se houverem.
As inscrições serão aceitas mediante as seguintes normas deste regulamento:

1 – DOS CANDIDATOS

Poderão participar do “Prêmio Vinícius de Moraes”, autores inéditos e/ou profissionais, com idade acima de 16 anos, residentes em qualquer município brasileiro. Autores premiados e/ou classificados em edições anteriores também poderão concorrer desde que a poesia não seja a mesma.

2 – DAS INSCRIÇÕES

A inscrição dar-se-á mediante encaminhamento das poesias SOMENTE através da Internet, para o email: editorabueno@hotmail.com.
Cada participante poderá inscrever até 3 (três) poesias, assinadas apenas com pseudônimo. Cada poesia deverá ser digitada, fonte Arial, tamanho 12 e ter no máximo uma lauda no tamanho A4. Em outro email, o autor deverá enviar seus dados pessoais como nome completo, data de nascimento, endereço para correspondência, CEP, telefone para contato, nome das poesias inscritas, o pseudônimo e um breve currículo. É vedada a co-autoria, ou seja, mais de um autor para a mesma poesia.

3 – DO PRAZO PARA AS INSCRIÇÕES

As inscrições serão recebidas pelo email editorabueno@hotmail.com durante o período de 10 de abril de 2017 a 30 de junho de 2017. Todos os anos em que o concurso for realizado será respeitado o mesmo prazo para início e término das inscrições.

4 – DO JULGAMENTO

Os trabalhos inscritos serão submetidos, para análise e classificação, à Comissão Julgadora constituída por pessoas com reconhecida capacidade intelectual, cuja decisão será soberana, não cabendo qualquer recurso quanto resultado por ela apontado.
As poesias serão julgadas com base nos critérios de criatividade, qualidade técnica do texto, poeticidade, domínio da língua portuguesa e respeito ao limite de uma lauda.
O Troféu “Vinícius de Moraes” será entregue para a melhor poesia do ano. A comissão julgadora poderá, a seu critério, conceder placas de Menção Honrosa para as poesias classificadas em 2º e 3º lugares e ainda selecionar outras poesias para compor uma antologia poética.
O troféu é exclusivo ao nosso concurso, com design personalizado e produzido pela Zanoello Troféus (empresa localizada em Lages – SC).
Os autores selecionados serão notificados por meio de correspondência pessoal (email ou carta) e o resultado final será divulgado pelo facebook, na “Nicolly Bueno Editora”, bem como na imprensa local no dia 20 de agosto de 2017.

4 – DA PREMIAÇÃO

           Serão selecionadas 3 (três) poesias. O autor da poesia vencedora receberá o TROFÉU VINÍCIUS DE MORAES. Os autores classificados em 2º e 3º lugares receberão placas de Honra ao Mérito. Os três primeiros autores classificados obrigam-se a comparecerem para a entrega da premiação, podendo ser desclassificados caso não apresentem justificativa prévia por escrito. Se, porventura, autores de outros Estados forem classificados, poderão receber o troféu ou a placa por correio.
Os trabalhos classificados poderão ser publicados em antologia, a título de divulgação, sem o pagamento de direitos autorais em dinheiro para a edição da antologia, caso seja editada, por meio de patrocínio ou produção coletiva entre os autores interessados.
            A solenidade de premiação será divulgada junto com o resultado final e ocorrerá sempre em outubro, mês do aniversário do escritor homenageado; com local a ser definido pelos organizadores.

5 – DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

É vetada a participação de pessoas envolvidas na Comissão Organizadora e na Comissão Julgadora.
Ao fazer a inscrição, o Autor estará concordando com as regras do concurso, inclusive autorizando a publicação da obra na antologia poética, jornais, blog e demais meios de comunicação e responderá por plágio, cópia indevida e demais crimes previstos na Lei do Direito Autoral.
Os casos omissos serão analisados e decididos pelo corpo de jurados do presente concurso. Não haverá, em nenhuma hipótese, devolução dos poemas concorrentes, os quais serão incinerados após o concurso.
Dúvidas poderão ser esclarecidas pelo email do concurso.


Presidente Venceslau, 05 de abril 2017.




REALIZAÇÃO: