Nicolly Bueno

Nicolly Bueno
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quarta-feira, 17 de maio de 2017

Bom dia!


Alma Poética, de Nicolly Bueno


Foi numa manhã de inverno, silencioso e angustiante
Que entre ânsia e desesperança, perguntei a Drummond:
- Que pode uma alma senão entre almas viver e amar?
“Amar a nossa falta mesma de amor?”...

Não tive resposta porque a dor da saudade era tanta
Que meu corpo doente resignou-se com o que disse Camões...
“Amor é fogo que arde sem se ver (...)
É dor que desatina sem doer” (...)

Inquieta, minh´alma persistente queria sentir
O amor puro que só Deus pode entender...
Não há pecado quando duas almas se amam
E por esse amor nasce a razão de existir.

Melancólica, mas amando, lembrei-me do poetinha Vinícius
Ao dizer que a solidão é o triste fim de quem ama
E por você, amor, meu delírio é sonho tão constante
Que te amarei dentro da eternidade e a todo instante.

Salve Florbela por me fazer amar perdidamente
Mesmo que a indiferença seja minha recompensa
Hei de ser forte o bastante para suavemente
Viver a vida com a alma de poeta que tudo sente.

Nicolly Bueno (Poesia premiada pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores, Rio de Janeiro, 2016)

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Eu sei mas não devia - Marina Colasanti

Eu sei, mas não devia

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz.
E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.


(Do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.)

sábado, 6 de maio de 2017

Marina Colasanti


Coral da AVCC prepara homenagem para o Dia das Mães


O Coral da Associação Venceslauense de Combate ao Câncer (AVCC) de Presidente Venceslau preparou homenagens para o Dia das Mães, celebrado no próximo domingo, dia 14 de maio. Segundo a professora de música Ana Cristina Freitas, ass apresentações acontecerão no dia 12 (sexta-feira) na Praça Nicolino Rondó, às 18h30.
"Preparamos um repertório muito especial para as mães e convidamos toda a comunidade para prestigiar o nosso coral. Depois nosso coral se apresentará nas lojas que colaboram com a Associação", contou Ana Cristina.
Segundo ela, as apresentações do coral também serão realizadas durante o dia em agências bancárias, Prefeitura Municipal e Centro de Saúde.