Nicolly Bueno

Nicolly Bueno
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quinta-feira, 30 de março de 2017

A suicida que não morreu

Por Nicolly Bueno


Florbela era uma moça tão bela quanto o seu nome. Possuía traços delicados que se contrastavam, de maneira ambígua, com seu jeito áspero de se expressar, quando a vida lhe parecia ser injusta ou, pelo menos, oposta ao que ela desejava para ser feliz. Apaixonou-se poucas vezes, mas viveu suas paixões de modo avassalador. A felicidade parecia-lhe ser algo inatingível tamanha as angústias vivenciadas ao longo dessas experiências.
Sua última paixão marcou-lhe a alma. Florbela, como tantas outras mulheres, sofreu uma agressão física, cuja lesão doía-lhe na alma até transformar-se no ódio e no desejo de vingança. Planejou suicidar-se, mas ao premeditar sua própria morte descobriu por si mesma, que era melhor matar do que morrer. Teve, entretanto, que passar pelo suplício de denunciar o agressor, fazer exame de corpo delito e ainda tentar recompor seu ego ferido.
Florbela imaginava que a morte seria a solução para o fim de suas dores e de todo o seu sofrimento espiritual. Sua melancolia não combinava com sua beleza tão admirada quando pela rua ela passava. Decidiu acabar com seu objeto de amor, agora, de ódio e vestiu-se de maneira elegante, de modo que sua feminilidade jamais fosse contestada.
Certo dia, à noite, foi ao encontro de sua vítima. Um sorriso discreto, seu olhar misterioso e sua voz baixa, convenceram seu ex-amor e atual agressor para uma conversa amigável. Foi até a casa do ex-amado, sentou-se numa cadeira de varanda e abriu a bolsa discretamente, tirando um punhal novinho, o qual escondeu embaixo da bolsa que estava em seu colo. Vaidosa, olhou-se num espelho que carregava consigo e, de repente, levantou-se e desferiu o primeiro golpe contra o seu agressor.
Era tarde da noite. O rapaz deu apenas um grito. Uma coruja cruzou o céu escuro, como sempre, agourenta. Florbela tinha pouco tempo. Colocou a bolsa na cadeira e ajoelhou-se diante do corpo que já começara a sangrar. Com mais força, desferiu vinte e uma punhadas no corpo já inerte e ria, não mais um riso disfarçado, mas de plena alegria.
A cada punhalada era como se a dor de sua alma fosse sendo curada. A felicidade que ela sentia poderia não ser plena, mas era indescritível. O sangue vermelho e, ainda, quente, lavou não só as mãos da doce Florbela, mas lhe trouxe uma satisfação de uma mulher corajosa. Sua alma já não doía mais. E ela, que almejava ser suicida, nem sequer chegou a ser assassina, pois cada vez que lembrava que tinha sido espancada, dava uma gargalhada tão sincera que acabou morrendo de felicidade, debruçada sobre o corpo inerte e todo ensangüentado.


Crônica inspirada na poetisa portuguesa Florebela D´Alma Espanca que se suicidou no dia se seu aniversário em 8 de dezembro de 1930.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Centro Cultural homenageia Arlinda Garcia amanhã na Câmara Municipal

O Centro Cultural “Salvador Lopes”, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura realiza amanhã, a partir das 19h30, na Câmara Municipal, o evento “Tributo à Arlinda Garcia de Oliveira Marques, a poetisa do amor”.
Segundo a organizadora do evento, Nicolly Bueno, a iniciativa tem por objetivo celebrar o “Dia Mundial da Poesia”, criado pela UNESCO em 1999, homenageando a escritora Arlinda, falecida em agosto do ano passado.
“A partir das 19h30 faremos uma exposição dos livros originais de Arlinda e os livros já publicados, bem como os troféus que a escritora recebeu ao longo de sua jornada. Às 20h iniciaremos a solenidade no plenário “Joaquim Gorgulho”, onde admiradores da poetisa farão diversas homenagens”, comentou Nicolly.
A escritora Arlinda Garcia de Oliveira Marques, faleceu em 19 de agosto de 2016. Foi uma das pioneiras colunistas sociais desde o primeiro jornal de Presidente Venceslau “O Município”. Depois, passou a colaborar com os demais jornais “Integração”, “O Liberal” e “Tribuna Livre”. Pertenceu à Academia Piracicabana de Letras e foi uma das fundadoras da Academia Venceslauense de Letras. Publicou os livros “Pétalas ao Vento”, “Valores da Nossa Terra”, “Exemplo de Vida”, “Que o amor perdure”, “Lila” e “Quanto vale uma ilusão?”. Foi colaboradora de diversas entidades filantrópicas e fazia palestras em escolas sempre enfatizando a importância do amor.
Recebeu diversas homenagens, como o “Prêmio Cultura”, o “Troféu Benjamim Resende”, “Troféu Mulher Cabral”, “Troféu da Igreja Metodista” e em 2016 foi homenageada pelo prefeito Jorge Duran, com placa de honra ao mérito.
O evento é aberto ao público e deverá contar com a presença de familiares e amigos da escritora homenageada.

terça-feira, 14 de março de 2017

LIVRO: PRESIDENTE VENCESLAU - NOSSA TERRA, NOSSA GENTE

Livro de Inocêncio Erbella

Hoje a tarde foi super agradável em visita ao nosso colega da Academia Venceslauense de Letras, Inocêncio Erbella.
Além do prazer de sua companhia e uma conversa sobre interesses em comum para a cultura e literatura e artes em nossa cidade, ainda ganhei o seu livro Presidente Venceslau: nossa terra, nossa gente.
Uma grande alegria para mim.
Como diz Raymundo Farias de Oliveira, escritor e também membro da AVL - Academia Venceslauense de Letras, "sem a menor dúvida, o resgate histórico do mirim povoado chamado Coroados, cantado pelo imortal Cesar Cava, está concretizado,de maneira feliz, neste grande livro, que tenho certeza, deve ter proporcionado Erbella, no curso de sua paciência e heróica elaboração, muitas e muitas emoções. Aquelas emoções que afloram inelutáveis no monumental encontro com o tempo histórico das nossas próprias origens, pois o autor teve a ventura de nascer em Presidente Venceslau e nela viver até hoje"

quarta-feira, 8 de março de 2017

LIVRO: A Beleza que fere


"A Beleza que fere" é um livro infanto-juvenil editado e lançado pela Editora Nicolly Bueno. Trata-se de um conto de mistério, escrito e ilustrado em 16 páginas. A obra foi escrita por Aparecido de Melo e ilustrada por Fábio Barros Leite. 

domingo, 5 de março de 2017

POESIA SÚPLICA - NICOLLY BUENO



Guiada pela dor silenciosa que emergia
Ungida pela fé desse amor que só doía.
Insisti provar-te que minha vida não seguia
Longe do olhar sincero que eu tanto queria.

Hoje, sou apenas uma alma desalmada
E vivo a melancolia dos meus dias findos.
Rogo a Deus misericórdia pela fé já fracassada
Morro lentamente com meus sonhos tão feridos.

E louvando a ti amor, peço-te perdão agora
Como o pássaro que sozinho o seu canto chora
Ontem a saudade deixou-me tão carente
Levou-te, o destino, para longe, infelizmente!

Antes foste meu alento, o bálsamo que batiza
Mas sinto que a vida sem teu amor só agoniza
Agradeço-te pelo afeto, sentimento tão fraterno
Rezo, pois, para que o descaso não seja eterno.

Todavia, eis que renasço dos meus versos e vou além...
Inspirando-me a cada lágrima, ser mais forte que o desdém.
Não desisto do amor, da esperança e da ternura
Sou a que a vida fez amarga, mas repleta de doçura.

Poesia vencedora do X Concurso Literário de Presidente Prudente 2016

O amor e suas razões

Por Nicolly Bueno

O amor é o sentimento mais desejado e incompreendido pelos seres humanos. Não há sequer uma pessoa que não queira ser amada e encontrar, no amor, o caminho da sua felicidade. Mas não existe razão que explique o amor ou a ausência dele. Ficamos presos entre o desejo de amar e o medo de sermos felizes. Como se sabe, o amor e a felicidade não são eternos, ambos são tão efêmeros como a própria dor de amar.
O amor verdadeiro é aquele que dói e machuca, pois é a dor que nos ensina e nos faz tornar cada momento inesquecível. O sofrimento pode nos levar à morte, mas a dor nos fortalece a alma, pois nos faz reconhecer em nosso âmago uma capacidade única e sólida de se ultrapassar barreiras e vislumbrar a vitória.
Muitos poetas e filósofos tentaram definir o amor e não foram vãs, apesar de sua indefinição, as tentativas de se expressar o sentimento que mais aflige a humanidade. Alguns até nomearam o amor, traduzindo-o em palavras. Outros morreram em seu nome, em busca de reciprocidade amorosa e não conseguiram encontrar, na solidão, a essência do que é amar.
“Ah o amor... que nasce não sei de onde, vem não sei como e dói não sei porque...”, escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade.
Para amar, é preciso, antes de qualquer coisa pretensão, conhecer a si próprio. O poeta lusitano Fernando Pessoa vai mais além em sua reflexão, quando afirma, que “enquanto não superarmos a ânsia do amor sem limites, não podemos crescer emocionalmente. Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um.”
A dor de amar é o que, de fato, vivifica o ser humano. Traduz o cerne do próprio desejo, faz suportar a própria renuncia e a viver com terna saudade. “Ame profunda e passionalmente. Você pode se machucar, mas é a única forma de viver o amor completamente”, reforça o mestre Dalai Lama.
 O filósofo Platão já dizia que “só pelo amor o homem se realiza plenamente”. Eis o grande desafio: encontrar a plenitude do amor e ser feliz. Se tanta gente sofre por amor, qual o caminho para viver a plenitude do amor sem sofrer?
“Vós, que sofreis, porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele”, acreditava Victor Hugo.
O que sabemos é que o amor não tem razão. Entre a loucura de amar e a razão de evitar o sofrimento, queira ser louco, mas ame.
“Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor... Lembre-se. Se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se escolher o amor com ele você conquistará o mundo”, exorta Albert Einstein. Portanto, não questione, apenas ame.
“Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal” ressalta Friedrich Nietzsche. Talvez seja este um dos caminhos a que devemos nos recorrer. Com o tempo, perceberemos que mais vale uma lágrima por amar, do que uma vida toda sem amor.
O amor é de cada um, está intrínseco no coração, confortando a alma do ser que ama. Não confie no amor do outro, creia e procure entender somente aquilo que está dentro si. O amor a nós mesmos nos basta. A ausência da reciprocidade amorosa não significa a falta de amor. Pelo contrário. Ela é mais que isso! Alguém que não compreende nosso amor é porque ainda não adquiriu a capacidade de amar.


·         A autora é professora, escritora, editora e membro da Academia Venceslauense de Letras

quarta-feira, 1 de março de 2017

Maria Angela D´ Incao comemora aniversário hoje


Quando li a frase de Clarice Lispector "Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consume muito", lembrei-me logo de Maria Ângela D´Incao, professora universitária, socióloga e dona de um currículo imenso que dispensa qualquer elogio. Creio que tenha sido uma mulher que viveu a vida produzindo conhecimento, estudando e ensinando o que aprendeu, seja nas universidades públicas brasileiras, como também em Oxford, onde estudou cerca de cinco anos.
As "letras" e os "livros" me apresentaram Maria Ângela, quando lançou sua editora Letras à Margem, na Livraria do Rubinho. Eu era aprendiz de redação de jornal e lá fui entrevistá-la. Minha timidez era bem visível, tinha apenas 19 anos e mal sabia o que perguntar. Este ano completará 15 anos que a conheci e ela continua do mesmo jeito de sempre, com um sorriso largo, uma risada de dar inveja e um olhar tão fascinante que ora nos dá medo e ora nos da inspiração. Sempre foi muito direta e objetiva. Não faz rodeios quando quer fazer alguma crítica seja lá qual for o governo. Ela ama Presidente Venceslau com o mesmo carinho com que ama todos os lugares por onde viveu durante sua trajetória como socióloga e professora universitária.
Parabéns Maria Ângela pelo seu dia e para encerrar não poderia faltar Simone de Beauvoir sobre o futuro: ""(...) Eu não ignoro as ameaças que o futuro encerra, como também não ignoro que é o meu passado que define a minha abertura para o futuro. O meu passado é a referência que me projeta e que eu devo ultrapassar. Portanto, ao meu passado eu devo o meu saber e a minha ignorância, as minhas necessidades, as minhas relações, a minha cultura e o meu corpo. Que espaço o meu passado deixa para a minha liberdade hoje? Não sou escrava dele. O que eu sempre quis foi comunicar da maneira mais direta o sabor da minha vida. Unicamente, o sabor da minha vida. Acho que eu consegui fazê-lo. Vivi num mundo de homens guardando em mim o melhor da minha feminilidade. Não desejei nem desejo nada mais do que viver sem tempos mortos.”
Simone de Beauvoir