Nicolly Bueno

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domingo, 5 de março de 2017

O amor e suas razões

Por Nicolly Bueno

O amor é o sentimento mais desejado e incompreendido pelos seres humanos. Não há sequer uma pessoa que não queira ser amada e encontrar, no amor, o caminho da sua felicidade. Mas não existe razão que explique o amor ou a ausência dele. Ficamos presos entre o desejo de amar e o medo de sermos felizes. Como se sabe, o amor e a felicidade não são eternos, ambos são tão efêmeros como a própria dor de amar.
O amor verdadeiro é aquele que dói e machuca, pois é a dor que nos ensina e nos faz tornar cada momento inesquecível. O sofrimento pode nos levar à morte, mas a dor nos fortalece a alma, pois nos faz reconhecer em nosso âmago uma capacidade única e sólida de se ultrapassar barreiras e vislumbrar a vitória.
Muitos poetas e filósofos tentaram definir o amor e não foram vãs, apesar de sua indefinição, as tentativas de se expressar o sentimento que mais aflige a humanidade. Alguns até nomearam o amor, traduzindo-o em palavras. Outros morreram em seu nome, em busca de reciprocidade amorosa e não conseguiram encontrar, na solidão, a essência do que é amar.
“Ah o amor... que nasce não sei de onde, vem não sei como e dói não sei porque...”, escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade.
Para amar, é preciso, antes de qualquer coisa pretensão, conhecer a si próprio. O poeta lusitano Fernando Pessoa vai mais além em sua reflexão, quando afirma, que “enquanto não superarmos a ânsia do amor sem limites, não podemos crescer emocionalmente. Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um.”
A dor de amar é o que, de fato, vivifica o ser humano. Traduz o cerne do próprio desejo, faz suportar a própria renuncia e a viver com terna saudade. “Ame profunda e passionalmente. Você pode se machucar, mas é a única forma de viver o amor completamente”, reforça o mestre Dalai Lama.
 O filósofo Platão já dizia que “só pelo amor o homem se realiza plenamente”. Eis o grande desafio: encontrar a plenitude do amor e ser feliz. Se tanta gente sofre por amor, qual o caminho para viver a plenitude do amor sem sofrer?
“Vós, que sofreis, porque amais, amai ainda mais. Morrer de amor é viver dele”, acreditava Victor Hugo.
O que sabemos é que o amor não tem razão. Entre a loucura de amar e a razão de evitar o sofrimento, queira ser louco, mas ame.
“Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor... Lembre-se. Se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se escolher o amor com ele você conquistará o mundo”, exorta Albert Einstein. Portanto, não questione, apenas ame.
“Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal” ressalta Friedrich Nietzsche. Talvez seja este um dos caminhos a que devemos nos recorrer. Com o tempo, perceberemos que mais vale uma lágrima por amar, do que uma vida toda sem amor.
O amor é de cada um, está intrínseco no coração, confortando a alma do ser que ama. Não confie no amor do outro, creia e procure entender somente aquilo que está dentro si. O amor a nós mesmos nos basta. A ausência da reciprocidade amorosa não significa a falta de amor. Pelo contrário. Ela é mais que isso! Alguém que não compreende nosso amor é porque ainda não adquiriu a capacidade de amar.


·         A autora é professora, escritora, editora e membro da Academia Venceslauense de Letras

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