Nicolly Bueno*
A “Lei Maria
da Penha”, criada para proteger e aumentar o rigor sobre os crimes praticados
contra a mulher garante em seu Art. 2o que “toda
mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda,
cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades
para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu
aperfeiçoamento moral, intelectual e social”.
Segundo o Mapa da Violência 2015, dos 4.762 assassinatos de mulheres
registrados em 2013 no Brasil, 50,3% foram cometidos por familiares, sendo que
em 33,2% destes casos, o crime foi praticado pelo parceiro ou ex. Essas
quase 5 mil mortes representam 13 homicídios femininos diários em 2013. Mas não
se trata apenas de casos cruéis como assassinatos. A violência sofrida pelas
mulheres pode ser verbal e/ou física. São agressões aviltantes, praticadas por
homens machistas, sem argumentos para o diálogo e sem condições psicológicas para
resolver um conflito sem agressividade.
O amor e o perdão são duas virtudes
ensinadas por diversas religiões. Mas me pergunto se seria possível perdoar um
agressor por amor ou se seria possível amar mesmo depois de sofrer uma
violência. Jamais discutiria tais questões que envolvem educação familiar,
cultura e religião.
O homem agressor não pode se sentir
no direito de agredir a mulher por nenhum motivo. Não há justificativa para um
ato de violência. Considero covardia uma pessoa descontrolada emocionalmente
usar a força para impor a sua decisão, opinião ou desejos. A mulher conquistou
sua liberdade no mercado de trabalho e não pode ser submissa no lar ou em
qualquer tipo de relacionamento. Perdoar uma agressão seria o mesmo que dar o
direito ao homem de repetir o mesmo ato quando lhe for conveniente. Para a
violência existem denuncia e leis. A dor de um ato agressivo fere não apenas a
integridade física da mulher, mas, sobretudo, a psicológica, e creio que se
existir amor pelo agressor, a dor é ainda maior. Mesmo assim, as mulheres devem
denunciar, buscar amparo legal e exigir a punição adequada.
Agressividade não resolve conflitos
em relacionamentos ou na vida social. Se não existe diálogo e respeito não é
possível que possa existir perdão. Raramente o agressor se arrepende de seus
atos e nos casos de assassinatos, o arrependimento não devolve a vida à vítima.
Portanto, violência contra mulher a não tem perdão, mas tem sim justiça!
- A autora é professora, escritora e membro da
Academia Venceslauense de Letras
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